CONTO 6

Venham mergulhar nesta maré de aventuras!

Alexandra Vasco; Duarte Quintino; Matilde Martins; Rita Sintra

Ato I 

Once upon a time…uma peça de teatro aconteceu…  há muito tempo, em 1130, numa terra longínqua, onde tudo parecia calmo… um dia, um terrível desastre aconteceu. Os mouros conquistaram a Península Ibérica, o que fez com que alguns navegantes tivessem de fugir para as Astúrias para salvarem a relíquia dos Cristãos de Valência.  

Se querem saber mais sobre esta história, queridos leitores, fiquem para ler o que um grupo de amigos aventureiros do mar vos tem para contar.

Venham mergulhar nesta maré de aventuras! 

  Olá, olá. Meninos e Meninas. Eu sou o Pirilampo, o farol do Cabo Carvoeiro …- começou por se apresentar, o Farol Pirilampo. Interrompido de imediato pela Marézinha, que no seu tom apressado e exaltado, respondeu:  

  Xiuuuu…Não sejas aborrecido! Eles gostam muito mais de mim e sou eu quem deve começar esta história. – e apressadamente começou: –  Olá, amiguinhos. Eu sou a marézinha. Sou muito grande e ocupo uma grande parte do mundo!  

   – Oh Marézinha, eu estava a apresentar-me! Que deselegância! – e prosseguindo – Bom, meninos e meninas, estou aqui para vos contar uma história fantástica e verdadeira. Daquelas que aconteceram mesmo!

– Também quero, também quero… Deixa-me contar. PLEASE! – interrompendo novamente e revelando muita impaciência…e entusiasmo!

– Está bem Marézinha! Tem calma. Deixa-me explicar do que se trata esta história e depois podes continuar… a história que vos vamos contar é a história dos Corvos de São Vicente.  

Ato II

– Era uma vez há muito, muito tempo atrás na altura dos reis, das princesas encantadas e talvez de alguns dragões, na altura em que Portugal foi conquistado pelos mouros…  – começou a Marezinha.

– Não te esqueças de dizer que nesta altura os povos já acreditavam em diferentes religiões e gostavam que todos seguissem aquilo em que acreditavam. Fosse a bem, ou a mal… – acrescentou o .

– Os Mouros eram um desses povos? O que era mesmo um mouro Farol? E isso de se obrigar os outros a pensar como nós não me parece lá muito bem!!! Podes explicar…

– Então Marézinha, os mouros eram um povo que viveu há muito, muito tempo atrás. Eles eram muçulmanos e acreditavam no islamismo, que era a sua religião, percebes? E claro Marézinha,  é errado obrigar os outros a gostar da mesma coisa que nós. Já viste o que era tu obrigares-me a gostar de peixe só porque tu gostas??? Mas vamos lá continuar a nossa história…  – explicou calmamente o Farol.

– Pois… Realmente tens razão… Continua então… 

– Conta a história que alguns desses mouros foram um pouco mauzinhos com alguns povos, e que um grupo de cavaleiros cristãos, sabendo que as relíquias de São Vicente* poderiam estar em perigo, decidiram levá-las para um local seguro, as Astúrias. Este era um dos únicos sítios onde os mouros ainda não tinham chegado. Estes cavaleiros saíram de Valencia rumo às Astúrias mas, como a nossa amiga marézinha está sempre tão agitada, a nau em que viajavam acabou por encalhar…

E novamente interrompido pela Marézinha…

– Alto e para já a maré! Eu não posso ser culpada por me entusiasmar e gostar de ser maré alta ou maré baixa para tornar a minha vida menos aborrecida…

– Pois, mas essas mudanças às vezes podem resultar mal… Ora presta atenção ao que aconteceu ao pobre e pequeno barquinho.  

Ato III

Recuando aos tempos da grande aventura para manter o tesouro das relíquias de São Vicente a salvo…

Oh Marézinha, be calm, be more careful, please, I have something very important here, I can’t loose it.  – pedia encarecidamente o barco que carregava as relíquias de São Vicente.

 Es verdad, hasta yo me estoy mareando. – replicava o corvo que acabava de sobrevoar Espanha e, cansado, dispensava uma maré tão agitada!

– Finalmente amigos elegantes! Que falam outras línguas! Convosco posso treinar o meu melhor inglês e espanhol! – E num estilo muito seu, acrescentou: – Stop being boring, á y Penas justo el otro día te vi haciendo vuelo rasante, no te mareaste entonces, ¿no?  

Careful, careful Marézinha, look what you’ve done now I can’t get out of here, help me Marézinha…  – gritava o barco aflito com a maré revolta que se fazia sentir.

 Cálmate, cálmate Naomi no te abandonaré te lo prometo…  

– Marézinha, Marézinha! Sempre a fazer das tuas!  – interveio o Farol que escutava atentamente.

Os pobres cavaleiros acabaram por ter de passar ali a noite naquele lugar tão belo conhecido nos nossos dias como Algarve.

  – Pois foi, pois foi… eles passaram lá a noite e iam seguir viagem…  – continuou a Marézinha tentando mudar de assunto.

– Exatamente Marézinha! E lá seguiram viagem até às Astúrias. Mas ainda passaram por PENICHE, a minha terra natal.

– Não foi nada disso. Deixa de ser tonto! O que aconteceu foi que de manhã os cavaleiros viram um navio pirata e decidiram enganá-lo. Ficaram em terras algarvias a proteger as relíquias e o barco deles seguiu viagem para despistar os piratas. O combinado era o barco regressar para os vir buscar. Porém, nunca voltou….e eles ali ficaram, acabando por construir uma pequena aldeia e um templo em honra de São Vicente.– afirmou de forma decidida a Marézinha!

– Então e Peniche? E a Nau dos Corvos? – perguntou confuso o Farol…

– Passados muitos anos, D. Afonso Henriques soube desta história por um velho, muito velho que prometeu levá-lo ao lugar secreto onde tinham enterrado as relíquias. Mas não chegou ao destino com vida e morreu pelo caminho…– continuou explicando a Marézinha, orgulhosa por tanto saber.

– Quem? O velho ou o rei Marézinha? Conta lá que estou em pulgas por saber? – insistia o Farol Pirilampo.

– Calma, então agora és tu que me interrompes??? Quem morreu foi o velho e o rei continuou sem saber onde era o lugar secreto.

– E o que fez então?

– Seguiu algumas pistas que o velho lhe tinha dado e descobriu as ruínas do antigo templo. Em redor delas, avistava-se um bando de corvos que sobrevoavam aquele lugar.

– Cuenta, cuenta, esta parte de la historia me interesa mucho. – interrompeu-a o Senhor Corvo que tudo escutava com muita atenção.

Marézinha esforçou-se por imitar a voz do Rei (que se dirigia ao corvo em espanhol para melhor se fazer compreender junto deste) e imitando-o disse:

– Disculpe Sr. Cuervo. Soy el Rey Afonso Henriques y estoy buscando las reliquias de San Vicente, ¿puede ayudarme?

– Están ahí abajo escondidos… – respondeu o corvo ao rei.

Seguindo estas indicações, o rei mandou escavar naquela zona e encontraram o tesouro procurado, escondido na rocha.

Então a Nau dos Corvos, aquele rochedo que fica situada bem pertinho de mim não tem nada que ver com esta história??? – perguntava confuso o farol.

– Não. – respondeu decididamente Marézinha. – O Rei Afonso Henriques levou as relíquias de barco até Lisboa e diz-se que durante toda a viagem foram acompanhados por dois corvos.

 ¡somos extraordinarios!

Então e a nau dos corvos de Peniche? – insistiu o Farol.

 I’ll tell you that part – interrompeu o barco – I know from long experience and from what I have seen that the tides carve rocks throughout time. This rock, which you see near Pirilampo and Cape Carvoeiro, is shaped like a ship and is always surrounded by ravens that dry their wings there.

– Posso dizer uma coisa? Posso, posso?   –  questionou Marézinha com satisfação.

– Diz lá Marézinha. O que se passa? – respondeu o Farol calmamente.

– Esclarecidas as dúvidas é caso para dizer: Vitória, vitória acabou-se a história ou com pauzinhos de perlimpimpim esta história chega ao fim.